domingo, julho 16, 2006

Fazemos aquilo que somos, conversamos gostos, discutimos prazeres e voltamos para acordar novamente a meio duma viagem, num caminho com falta de sentido para o desejado fim.
Sempre a caminho para lugar nenhum, cheio de tudo de um lado cheio de nada do outro.
Hoje voltei a "apanhar o comboio", sentei-me no mesmo lugar de há vinte anos junto à janela
do lado contrário à linha, os mesmos cheiros, as mesmas roupas, até as pessoas no seu igual quotidiano enremeladas por noites mal dormidas lá estavam. Agora todos vão a ler o jornal, talvez tenha sido a única mudança desde então, agora as pessoas sabem mais. Na altura compráva-se o jornal que era lido, as notícias discutidas e por fim ainda era levado para casa
porque sempre dáva jeito para forrar o balde do lixo. Hoje não, hoje não é assim.
Agora dão-nos as notícias em jornal fresco do dia quando entramos na estação, como não se paga todos lemos as notícias enquanto o destino chega, depois com a mesma facilidade que veio fica abandonado dando até ar de quem por lá passou os olhos não o percebeu, mas há sempre a possibilidade do próximo pegador de jornal o perceber pois agora os jornais já não vão para casa, não fazem falta, agora as pessoas sabem mais e há sacos para o balde do lixo.
A meio do caminho, numa outra mesma estação dou-me conta da chegada a casa, dum mesmo sentir de final de dia Verão, agora também temos uma voz sensualmente femenina que se anuncia indicando as horas e os lugares de cada um.
Tive que parar para poder viajar......